maio 01, 2002

Deixe-me ser saudosista agora, só um pouco.

Ayrton Senna. Grande Prêmio da Europa. 1993. O primeiro GP da Europa a ser realizado, em Donington Park. Senna na McLaren, tecnicamente com carro inferior aos Willians de Prost e Hill. E se classifica mal ainda, na oitava posição no grid. Mas aquele domingo prometia chuva, e além de tudo Senna, como ninguém, conhecia aquela pista. Veio a corrida e ele largou mal, mas já na primeira volta, Senna tinha à frente apenas as Willians. Mais dua voltas e era líder da corrida. E veio a chuva. E todos foram para os boxs. Menos ele. Ele continuou a guiar seu carro em meio às gotas de água, andando com pneus de pista seca mais veloz do que todos os demais, com pneus para pista molhada (os pneus "biscoito"). Mais rápido que todos. Dizem que, toda vez em que errava em meio à chuva, Senna vinha pilotar seu kart em uma pista aqui no Brasil. Para espairecer e para treinar ainda mais nessas condições de tempo. E Donington Park era a pista dele. Tantas e tantas vezes, por categorias anteriores ele correu e venceu ali. A chuva vinha e se ia, e Senna na pista, imbatível, insuperável. Creio que chegou a abrir duas ou três voltas para Prost, o segundo. E venceu.

Grande Prêmio de Mônaco, circuito de rua na cidade de Monte Carlo. 1992. Nigel Mansell tinha tudo para ganhar, favorito que era pilotando a Willians naquele ano. Senna, mesmo sendo o "rei de Mônaco", não tinha a menor chance, largando atrás do inglês, numa pista de difícil ultrapassagem, e com carro inferior ao dele. Mas aconteceu. Mansell errou uma das curvas e tocou uma das rodas nos alambrados que circundam a pista, tendo que entrar no box. Senna passa na reta principal sem entender seus mecânicos, que olhavam para dentro dos pits no momento. Só então Senna se dá conta de que era o líder da prova. Mansell volta logo atrás. Foram umas oito voltas com Mansell colado nele, as três últimas literalmente. E Senna segurou a pressão e venceu aquela corrida.

Em nenhum dos dois anos Senna ergue o título de campeão. Mas nem precisava. Ele já tinha deixado sua marca nas pistas de todo o mundo.

Hoje são oito anos sem o ídolo das pistas. Ídolo de uma nação sofrida como a nossa, e que acreditava que poderia existir um futuro melhor paa os jovens brasileiros. O Instituto Ayrton Senna (Ayrton Senna Foundation - sede em Londres) promove diversos trabalhos voltados para a educação. A frase de entrada do site é: "Se a gente quiser modificar alguma coisa, é pelas crianças que se deve começar.", de autoria do Ayrton.

Mais uma de saudosista, prometo que é a última.

Lembram da campanha do Betinho? Sim, aquele sociólogo que criou uma campanha nacional para a erradicação da fome no país. Se não me engano, o slogan era: "Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida", não era isso? Pois então, desde sua morte o que é que foi feito para se erradicar a fome neste país? Seus projetos são atuantes no Brasil inteiro, como o Natal sem Fome, mas sua divulgação só se faz em momentos como esse do Natal. Não sei se foi o próprio Betinho quem disse, mas a luta contra a fome é uma guerra sem fim. Aquela propaganda dele, contando a história da queimada na floresta é um exemplo disso. Acidentalmente iniciou-se uma queimada na floresta, que se alastrva rapidamente pela folhagem e pelas árvores. O rei leão, então, ordenou a retirada de todos os animais de lá, visto o tamanho do problema. Enquanto se retiravam, ele reparou uma borboleta que buscava água do rio com uma pequenina folha entre seus bracinhos e atirava nas chamas. O rei leão lhe disse: "Borboleta, acredita que essa água que levas irá apagar tamanhas chamas que consomem o lugar?", ao qual a borboleta respondeu: "Sei que não, mas eu estou fazendo a minha parte.". E esse é o espírito que Betinho queria transmitir para todos os cidadãos do país.

Mas são sonhos. Sonhos estes que não deveriam se perder em meios políticos ou econômicos. Sonhos que podem se tornar realidade, basta tomarmos consciência de nossa importância.

Té mais.

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