fevereiro 24, 2002

não sei.

não, simplesmente não sei. é como se fosse algo impossível para mim. como se fossem dois em um. mas não são, são um só, apenas um, o mesmo, aqui e ali. mas parecem dois. será que não o são realmente? não, não deveriam. deveriam ser uno, não duo. duo, em si, não é tão ruim. mas uno seria melhor, bem melhor. duas vertentes, não opostas, mas paralelas, o que é estranho. talvez não tão paralelas assim. oblíquas, na verdade. congruentes em alguns ângulos, mas pouco se mostram aqui ou ali seus lados diferentes. como ver sempre a mesma face da lua, a gente nunca vê o outro lado. estranha sensação.

vontade de abrir a boca e gritar o mais alto possível, para que todo mundo ouça. e ao mesmo tempo ficar no meu canto, em silêncio, esperando algo indefinível.

como querer que o dia e a noite sejam um só, mesmo sendo opostos entre si. entenderiam? talvez não, talvez achem isso uma fuga, nada mais. não, não seria bem compreendido, não desta forma. ninguém entenderia, se bem que...

não, não foi feito para se entender, quer dizer, foi, mas não para outros, para mim. isso. melhor pensar direito. forma de expressão. introspecção. solidão. amizade. afeto. alegria. sentimentos. humano.

porque do tripé do fogo, falta o ignitor. o combustível e o comburente tenho em mãos. mas como fazer acontecer sem me sentir pressionado? é uma questão a se pensar.

talvez não deva, talvez seja a materialização do mundo que sempre quis que fosse real. talvez ninguém deva realmente saber que este mundo existe. talvez eu devesse realmente... mas e se entenderem errado? é o risco? será que vale?

"... se a alma não é pequena...". é uma mudança brusca, deveria tê-la feito há tempo, mas nunca é tarde. não sei se estou preparado, mas melhor a mudança que permanecer inerte vendo o mundo andar ao redor. explicações serão necessárias, muitas talvez. ninguém compreenderá a princípio, e esse é o motivo. de quê, eu não sei.

alma solitária. carência e falta de afeto. solidão? não, não creio que seja. nunca se está sozinho se se tem familiares ou amigos, em qualquer canto. saudade agora, nem sei de quê. de ser o que não fui, da infância, do tempo em que decisões não precisavam ser feitas, de quando o que importava era o quanto se podia sonhar, e eu não sonhei simplesmente porque preferi o caminho fácil, o sonho dos outros.

mas aí está meu sonho, ter o meu próprio, aquele que nunca tive, sempre desejei. sonhar com aquilo que quero para mim, com meu futuro, por minhas próprias pernas, que poderei chegar lá, sim. onde eu não sei, muito há que se fazer, e isso guia meus passos, a vontade. vontade de fazer diferente, de recomeçar, seja como for.

e a vontade me guia, e espero encontrar meu caminho.

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