dezembro 08, 2003

eu tinha pensado em tanta coisa para escrever...

e nem sei porque me surgiu a vontade para tanto. só sei que agora que fiquei na frente do computador, não me volta aquela mesma vontade. algumas idéias até ressurgem, mas livres de contexto, sem nexo entre elas.

estava me lembrando de um momento de infância, quarta série. não sei se vocês sabem mas eu era daqueles alunos quietos e que tiveravam as melhores notas da sala. não fazia bagunças durante as aulas e, também, nunca fora colocado de castigo no canto da sala. isso acontecia poucas vezes no ano, e era meio vexatório, vamos dizer assim. os professores colocavam o aluno que fizera uma travessura um pouco além do limite tolerável como exemplo a não ser seguido. ele ficava envergonhado de ser colocado lá na frente da turma, e seus colegas se envergonhavam pela lição de moral que os professores davam naquela situação. sinceramente não sei se aprendi alguma coisa dessas situações, talvez disciplina (como num quartel...).

enfim, a lembrança me veio e é forte exatamente por ter me acontecido comigo naquela referida série. professor Pedro, nunca me esquecerei. a falta não me pareceu grave, era hora de levar o caderno até a mesa do professor para ela dar o visto (acho que era isso, não me lembro bem), quando um amigo meu, o Ricardo, e eu começamos a correr por entre as carteiras da sala. na verdade eu ia atrás dele e ele se esquivava por entre as carteiras, por algum motivo que me foge no momento, alguma brincadeira que ele fez talvez (que é a razão que me ficou na memória, mas não a dou como certa, apenas a mais provável). o professor percebeu um certo alvoroço na sala e quando pediu para os alunos saírem de sua frente para poder ver o que acontecia, deu de cara comigo e com meu amigo. Não devia ter sido mais que 10 segundos de esquiva dos dois, mas por ter sido eu, o aluno quieto e inteligente que estava no meio daquela 'bagunça', o professor não teve dúvida, colocou-nos a ambos de castigo.

normalmente ficariam um de cada lado da sala, nos cantos. mas comigo foi diferente, o professor Pedro colocou-me no meio da lousa, de frente para toda a turma. aqueles minutos pareceram intermináveis, enquanto ele dava o visto nos cadernos da turma toda. depois fez um discurso que não me lembro o tom, olhou em meus olhos no fim e deixou-me ir para meu lugar na sala.

isso deve ter me causado um certo trauma. ou pelo menos uma confusão em minha mente. fico imaginando se essas coisas ainda acontecem hoje nas escolas. o professor tem que impor respeito na sala, isso é verdade. mas o professor Pedro já impunha isso de outra forma, pela autoridade que tinha, só pelo tamanho dele (era bastante alto, dado que eu tinha 11 anos na época, para mim ele era enorme). não acho que havia necessidade de se utilizar desse artifício do castigo, mas enfim.

do trauma? não deve ter vindo só desse fato, com certeza muitas outras coisas contribuíram para isso. com certeza a educação que tive, seja em casa seja na escola, também me influenciaram neste meu jeito. fato é que até hoje tenho aquele receio de errar. fico procurando aquela única resposta correta que resolva o problema que tenho. e por ter esse receio, em geral não me arrisco numa resposta pois não me sinto seguro o suficiente para acreditar que eu esteja certo. mesmo que seja uma solução adequada, não tenho confiança nela.

não que hoje não saiba que dos erros se tiram muitas lições. já errei bastante, talvez não o suficiente. mas entre saber e aplicar na prática vai muito tempo, e nesse momento em que me encontro. não tinha parado para refletir sobre isso, mas minha ex-chefe já me disse que preciso ter mais confiança, dar "a cara para bater" na expressão dela. e agora ligando a isso tudo que escrevi, talvez fique mais claro para mim o que preciso 'atacar' em minha atitude. não só profissional, como também na vida pessoal, e principalmente nessa.

espero que sirva de reflexão para mais alguém! =)
té mais!

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