dezembro 08, 2002

caos.

ontem pela manhã, a caminho da casa de meus pais, minha mãe havia pedido para que buscássemos, meu irmão e eu, no centro da cidade uma sacola que ela havia esquecido em uma das inúmeras lojas que ela sempre faz compras.

para quem conhece são paulo, já deve ter ouvido falar da vinte e cinco de março. pois bem, pode até parecer normal para as pessoas hoje ver aquela rua tomada por camelôs e transeuntes andando pelo meio da rua, sem preocupar-se com os carros que se aventuram a passar por ali.

mas eu costumava ir com minha mãe em suas compras, quando tinha oito, acho que até os treze, catorze anos. e não era nada parecido com o que vi ontem. a vinte e cinco era uma rua "transitável", era possível passar de carro por ela sem maiores problemas. havia algumas pessoas que se arriscavam a andar na rua, visto que as calçadas são realmente pequenas naquela região, o que dificulta o caminhar para aqueles mais apressados.

mas aquilo como está hoje, eu jamais imaginaria. as calçadas foram tomadas pelo camelôs, as pessoas simplesmente ignoram os carros que passam pelas ruas transversais e mesmo as paralelas, arriscando-se a atravessar a rua fora da faixa sem mesmo olhar se o motorista está atento ou não. andando, pessoas indo para lá, indo para cá, olhando numa loja, comprando em outra, nos camelôs... nunca tinha visto tamanho aglomerado de gente num único lugar. na josé bonifácio, ou ali perto da antiga loja do Mappim, no viaduto do Chá, não chega nem perto. e lá não passa carro, é só para pedestres mesmo!

e eu fiquei pensando na voracidade do capitalismo, no quão desumano ele transforma as pessoas de modo que elas, as pessoas, sujeitam-se a um sol a pino, num lugar apertado como aquele, comprando toda sorte de produtos para uso próprio ou, o que é mais comum, para revenderem no bairro onde moram. insensíveis, foi a sensação que tive ao passar por lá. na atitude das pessoas ao andarem. 'os outros que tomem cuidado, eu não preciso me preocupar'.

terra sem lei. essa é outra sensação que tive. a prefeitura realmente precisa criar alguma ordem ali. mas se até os policiais andam no meio da rua... e expulsar os camelôs de lá, como estava acontecendo bem na hora que estávamos saindo do lugar, só transfere o problema no tempo e espaço. ou seja, ou eles voltam mais tarde, ou se instalam em outro lugar, espalhando o problema para os arredores.

que centro é esse? eu não o reconheci à primeira vista. só quando estava saindo que reparei nas ruas e relembrei os tempos em que andava com minha mãe por lá. as lojas de brinquedos eram uma tortura. um monte de carrinho, caminhão, bolas etc. ali e nada era para mim. tudo para ser vendido na loja de meus pais. foi bom, para dar valor àquilo que tenho e que obtive com meu esforço.

tudo mudou. daquele lugar que tenho nas lembranças não sobrou muita coisa. uma pena...

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